terça-feira, 7 de junho de 2016

Museu do Holocausto - Curitiba- PR

Olá novamente queridos viajantes e guias! Creio que o assunto de hoje não é desconhecido, afinal quem nunca ouviu falar do Holocausto?

No dia 05/06 a turma foi ao Museu do Holocausto em Curitiba, em primeiro lugar vim aqui registrar como foi e sem duvidas deixar claro o quanto este lugar me marcou muito! Todos que me conhecem, ou melhor, quem fez a Exposição Anne Frank no mês passado, ainda esta emocionalmente mexido (pelo menos eu sim, até porque é um assunto completamente tocante e cheio de motivos a qual nos faz chorar ou entrar em choque) e sabem muito bem como a história me faz sentir.
E em segundo lugar queria que todos tirassem um dia para visitar este museu, por que sem duvidas é o melhor museu do mundo!

O que foi o Holocausto?
Holocausto, também conhecido como Shoá, foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX, através de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado Nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista e que ocorreu em todo o Terceiro Reich e nos territórios ocupados pelos alemães durante a guerra.
Nas últimas décadas, historiadores e especialistas buscam explicar o que foi o Holocausto. No esforço para elucidar a tentativa de assassinato total e planificado de um povo e a brutalidade dos crimes, muitos optaram por um enfoque místico: o Holocausto seria humanamente inexplicável e incompreensível, tamanha a crueldade dos perpetradores e o sofrimento das vítimas.
Porém, de acordo com o historiador tcheco-israelense Yehuda Bauer, referência internacional no desenvolvimento de uma Pedagogia do Holocausto, esta perspectiva é equivocada. O extermínio ocorreu porque teve a possibilidade de ocorrer. E se ocorreu uma vez, pode ocorrer novamente: “qualquer fato histórico é uma possibilidade antes de se converter em fato; mas quando se converte em fato, funciona também como um precedente possível”.
Tratar o Holocausto como fora do alcance da nossa compreensão significa, portanto, transformá-lo em a histórico e sem risco de ocorrer novamente. Em outras palavras, justificá-lo.
No entanto, o Holocausto é um fato histórico e humano. Podemos estudá-lo, compreendê-lo e utilizá-lo como advertência. O próprio conceito de Genocídio, criado em 1944, o insere neste rol e o torna comparável, mesmo com suas particularidades (que o faz distinto de todos os outros).
A palavra “holocausto” é derivada da grega “holokauston”, que significa “oferta de sacrifício”.
Com origem religiosa, o termo dá um caráter voluntário e passivo ao genocídio, submisso à vontade divina. Já o termo “Shoá”, do hebraico, substituiu “holocausto” por causa do significado amplo e humano de “catástrofe” e “calamidade”.
A Shoá se refere a um acontecimento de genocídio específico que teve lugar na história do século XX: a perseguição sistemática burocraticamente organizada e o aniquilamento dos judeus europeus pelos nazistas alemães e seus colaboradores entre 1933 e 1945. Os judeus foram as principais vítimas – seis milhões foram assassinados, incluindo 1,5 milhão de crianças.
Ciganos, deficientes e poloneses foram também objeto da destruição e redução drástica por razões raciais, étnicas ou nacionais. Muitos milhões mais, incluindo homossexuais, negros, testemunhas de Jeová, prisioneiros de guerra soviéticos e dissidentes políticos sofreram grave opressão e morte sob a tirania nazista.
A Shoá é transmitida como um exemplo (de grandes proporções) de intolerância, ódio, preconceito e racismo. Suas lições de vida proporcionam uma consciência ética que aponta a necessidade de não esquecermos essas histórias e de lutarmos diariamente contra qualquer tipo de discriminação e para que barbáries como o extermínio humano, seja individual ou em massa, jamais volte a acontecer com qualquer povo, nação ou etnia.

O Museu
Ao iniciar o julgamento de Adolf Eichmann (preso em Jerusalém, em 1961), o procurador do Estado de Israel Guideon Hansner declarou: “Estou aqui hoje para falar em nome de seis milhões de judeus que não podem mais se manifestar”. A inauguração do primeiro Museu do Holocausto no Brasil representa uma sensação equivalente, ao ceder a palavra e contar histórias dos que pereceram e dos que sobreviveram ao genocídio.

Histórias que não podem ser esquecidas e que devem ser transmitidas às próximas gerações. Foi com esse objetivo que nasceu o Museu do Holocausto de Curitiba. Inaugurado oficialmente em novembro de 2011, recebe semanalmente cerca de 700 pessoas, entre adultos e alunos de escolas públicas e particulares, num espaço de 400 m².

Com uma vocação educativa e linha pedagógica bem definida, mostra os acontecimentos da guerra através de histórias de vítimas que possuem ligação com Brasil ou Paraná.  Trata-se de uma ferramenta contra a desumanização nazista, humanizando as vítimas e ressaltando a “vida”.

Também destaca a luta contra a intolerância, o ódio, a discriminação, o racismo e o bullying, tão relevante nos dias de hoje e fundamental para que o interesse pelas visitas fosse disseminado.

O Museu do Holocausto em Curitiba não cumpriria sua missão se não promovesse uma discussão abrangente sobre o preconceito e a violência ao longo dos séculos XX e XXI. Simon Wiesenthal dizia que os sobreviventes devem ser como sismógrafos para detectar essas ameaças. Nós também podemos funcionar como sismógrafos, desde que conheçamos nossa própria história. Essa é uma das mensagens que o Museu deixa ao público curitibano, paranaense e brasileiro: que a humanidade aprenda a conviver melhor e a respeitar as diferenças de cor, fé, etnia ou posições políticas.
A exposição permanente do Museu possui 56 objetos expostos e aproximadamente 300 fotos e vídeos.  Esses números correspondem a cerca de 5% de todo o acervo.
Semanalmente, o departamento museológico recebe doações de fotos, documentos, passaportes e objetos relacionados as vítimas e ao período histórico do Holocausto.
O acervo completo, incluindo aquele acondicionado na reserva técnica, pode ser visto em dois computadores no final da visita ao Museu e em exposições temporárias e itinerantes, como em:
“Tão somente crianças: infâncias roubadas no Holocausto”.

Depoimentos

Sara Goldstein
Data de nascimento: 3 de Maio de 1923
Local de nascimento: Wadowice, Polônia.

Sara, nascida Salomea Littner, cresceu numa família judaica muito religiosa. Caçula de nove filhos de Yehuda Leib, pintor de paredes e proprietário de uma loja de alimentos, Sara perdeu, aos quatro anos, a mãe Eva. A família cercava-se de amigos que viviam ao redor da sinagoga, já que muitos habitantes discriminavam judeus. Uma exceção era o jovem católico Karol Wojtyła que tinha muitos amigos judeus, apresentado a Salomea na casa da professora de alemão.
Desde 1933, Salomea se acostumara a ouvir pelo rádio as notícias sobre o ódio nazista aos judeus. Ainda em 1938, próxima da fronteira, Wadowice já recebeu judeus poloneses expulsos da Alemanha por ordem de Hitler. Alguns deles foram recebidos por Yehuda Leib em sua própria casa. Aos 16 anos, Salomea já havia deixado sua infância de brincadeiras de esconde-esconde na loja do pai e apavorava-se com as notícias vindas da fronteira.
Em setembro de 1939, ouviram-se sirenes e bombardeios. Salomea escondeu-se num abrigo antiáreo e, após dois dias, fugiu com uma tia e uma prima de cinco anos para o leste, com destino à Rússia. Antes de fugir, viu o pai já sem barba, tirada para evitar que fosse visualmente identificado pelos nazistas que se aproximavam.
Na cidade vizinha, Salomea se perdeu da tia após um ataque alemão e, ferida, decidiu retornar a Wadowice. O pai Yehuda Leib permaneceu na cidade com outras duas filhas. Na véspera do feriado judaico do Dia do Perdão, Salomea voltou para casa. Wadowice foi oficialmente anexada à Alemanha e, assim, os judeus foram obrigados a adotar um “nome judaico” após o seu primeiro nome. Salomea passou a ter também o nome Sara.
Começaram as humilhações e trabalhos forçados. A família passou a pagar aluguel de sua própria casa. Pouco tempo depois, foram expulsos de lá e passaram a morar na loja dos tios. A sinagoga da cidade foi queimada e, em julho de 1942, Sara e sua família foram levados para o gueto.
No gueto, Sara e as irmãs foram obrigadas a trabalhar em uma fábrica de costura. Um dia, em maio de 1943, os alemães entraram no gueto com uma lista de 100 meninas que deveriam ser levadas dali. O nome de Sara estava lá. Ela fez sua trouxa e achou que fosse morrer. Três meses depois, o gueto foi extinto e o pai de Sara, as irmãs e outros familiares foram levados para Auschwitz, onde foram mortos.
Sara embarcou num caminhão e, após 75 km ao norte, chegou a cidade de Sosnowiec. O grupo das jovens foi separado e 50 delas, incluindo Sara, foram mandadas para um campo de trabalho em Gabersdorf, na antiga Tchecoslováquia. Das outras meninas, nunca mais ouviu-se falar.
Lá, recebeu o número 23, que foi costurado à sua roupa. Vivia com fome e, trablhando dia e noite, ficou muito doente, com pneumonia e febre de 40 graus. Já no fim da Guerra, Sara foi levada para um quarto com outras jovens doentes e viu os alemães colocarem cobertores nas janelas para que ninguém os visse fugir. Os russos se aproximavam. Algumas meninas cantavam o Hatikva, futuro hino do Estado de Israel, e queimaram os uniformes deixados pelos nazistas. Estavam livres.
Com a saúde muito abalada, Sara retornou a Wadowice e percebeu que sua casa estava ocupada. Não encontrou ninguém da família. Sara passou a morar num hotel e começou a trabalhar como secretária no Partido Comunista. Em Wadowice, reencontrou amigas que sobreviveram a Auschwitz e que contaram sobre o destino trágico de suas irmãs. Algum tempo depois, Sara reencontrou o irmão de sua mãe, o tio Aharon, que voltara da Rússia.
Decidiu viver numa comunidade socialista na Polônia, onde conheceu seu futuro marido, Zeev Goldstein. Em 1947, já casada e de passagem pela Itália com seu marido, teve uma filha.Em novembro de 1948 chegaram a Israel e se estabeleceram na cidade portuária de Haifa. Em 1960, por um convite de familiares, chegaram ao Brasil. Em Curitiba, abriram uma loja de enfeites de bolos e chocolates e tiveram ainda três netos e um bisneto.
Já o jovem Karol Wojtyła, três anos mais novo que Sara, mudou-se para Cracóvia ainda antes da Guerra e, após a morte do pai e de ser atropelado por um caminhão nazista, resolveu entrar num seminário para ser padre. Em 1945, Karol ajudava a limpar uma plataforma de trens quando avistou Edith Zierer, judia de 13 anos e prima distante de Sara, que fugira de um campo nazista em Częstochowa.
Karol deu a ela chá com pão e a levou de trem até Cracóvia. Depois de alguns anos em orfanatos, Edith emigrou para Israel. Karol tornou-se padre e, mais tarde, bispo de Cracóvia, arcebispo e cardeal. Em 1978, tornou-se o Papa João Paulo II. Em 2000, cinco anos antes de falecer, Karol Wojtyła reencontrou-se com Edith Zierer no Museu do Holocausto de Jerusalém. Já Sara faleceu em 2014, em Curitiba.


Marian Grynbaum Burstein
Data de nascimento: 12 de Dezembro de 1922.
Local de nascimento: Blinów, Polônia.



Marian era o mais velho de quatro irmãos, filhos do casal Chemia Grynbaum e Brandia Burstein. No pequeno vilarejo, viviam apenas quatro famílias judias. Seu pai Chemia era dono de um armazém que vendia para agricultores de aldeias de toda a região. Desde os cinco anos, Marian ajudava o pai no comércio, porém dedicava-se aos estudos.
Com a Guerra iniciada, ouviam-se rumores que os alemães se aproximavam. Muitos judeus e poloneses, fugindo para o leste, chegaram a Blinow. Chemia abrigou muitos deles. Porém, em junho de 1941, os alemães invadiram a cidade e começaram a organizar trabalhos forçados. Marian e a família foram obrigados a trabalhar nos bosques, cortando árvores. Presos, conseguiu fugir, mas decidiu ser trocado pelo pai.
Marian foi levado a um campo de trabalhos forçados em Janiszów, às margens do rio Vístula. Lá, presenciou crueldades e assassinatos, porém conseguiu fugir por duas vezes. Na primeira, teve que se entregar e recebeu chicotadas como castigo. Na segunda, buscou a família para esconder-se na casa de uma vizinha polonesa chamada Josefa.
Ao abandonar a antiga casa da família, Chemia chorou. Sabia que nunca mais voltaria. No primeiro esconderijo, 14 pessoas da mesma família permaneceram por três meses. Esconderam-se novamente na casa de uma senhora chamada Ozogova, que os colocou num fundo falso no celeiro. Ali ficaram meses. Porém, as mulheres da família que ajudavam na casa foram descobertas. Era necessário fugir para os bosques.
Marian deixou a família escondida numa casa das redondezas e juntou-se a um grupo de guerrilheiros nas florestas, chamados partisans. Com poucas armas e muita organização, esses grupos lutavam contra os alemães, além de atrapalhar a comunicação, roubar os carregamentos e executar tarefas de sabotagem contra os nazistas.
Marian, com 20 anos, uniu-se ao grupo de partisans do líder Avraham Bron com uma das irmãs e logo recebeu seu codinome para as operações: Max. O combatente Marian participou de várias ações contra nazistas, incluindo dinamites para descarrilhar trens e troca constante de tiros. Judeus e não-judeus, russos e poloneses, juntavam suas forças para combater os alemães. O grupo, que começou com apenas cinquenta pessoas, chegou a ter mais de seis mil. Para os partisans, o importante era não deixar-se capturar vivo: por isso, o ideal de “morrer lutando”.
Porém, Marian sobreviveu. Num dos grandes ataques organizados pelo grupo, ele teve que escolher entre deixar a região ou permanecer com a família. Foi ao encontro dos pais e irmãos, que permaneciam escondidos e doentes. Ao ouvirem os sons das bombas, foram avisados que os russos atacavam e os alemães estavam fugindo. Abraçaram-se. Era verão de 1944. A Guerra havia terminado.
O destino da família Grynbaum Burstein foi a cidade de Krasnik, a 15 quilômetros de Blinów. Alguns poloneses pagaram-lhes dívidas da época do armazém, suficientes para sobreviverem por um tempo. Marian foi trabalhar como policial em Lublin, há 50 km, porém ficou doente e retornou. Voltou a Blinów, onde encontrou sua antiga casa intacta, porém habitada por ucranianos que lá ficaram. Marian queria deixar a Polônia.
Marian atravessou ilegalmente a fronteira com o objetivo de encontrar os pais que partiram antes com o mesmo destino: a cidade de Waldburg, na Alemanha. Porém, não os encontrou. Começou a buscá-los, sem sucesso, em todas as prisões. Pouco tempo depois, uma equipe de futebol da Tchecoslováquia chegou a Waldburg e Marian recebeu a notícia de judeus estavam no país vizinho buscando familiares. Partiu imediatamente.
Marian não os encontrou e resolveu retornar. Meses depois, em Ulm, na Alemanha, recebeu a notícia que os pais estavam vivos, na Áustria. Partiu para lá e reencontrou-os. A mãe estava doente, no hospital. Retornaram para a Alemanha e, pouco depois, recebeu o contato de uma tia que vivia na Bolívia desde antes da Guerra e para lá foram.
O irmão Samuel e uma a das irmãs saíram da Bolívia e chegou a Curitiba, onde o marido tinha conhecidos. Marian queria permanecer na Bolívia, onde trabalhava vendendo automóveis com um sócio paraguaio. Casou-se em La Paz e, enfim, foi convencido pela mãe a ir ao Brasil, onde chegou em 1960 para juntar-se a família. Marian teve duas filhas e um filho. Foi condecorado por bravura e faleceu em 2004.

Bom, assim que entrei no museu, já fiquei completamente mexida pois de cara li a frase mais falada na Exposição Anne Frank “Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana”, pra uma criança de 13 anos dizer algo deste tipo em meio ao que eles enfrentavam sempre será um grande choque de realidade, e assim como a ideia do museu é deixar com que os visitantes saiam completamente chocados e emocionados, sempre haverá uma esperança pois não são os únicos que ainda espera uma mudança, os únicos que ainda acredita na bondade humana assim como Anne, visitar o museu é abrir a mente para o que aconteceu e evitar futuramente, e sem duvidas ter uma das melhores experiências históricas que já tive ate hoje.

O Museu do Holocausto fica localizado na Rua Cel. Agostinho Macedo, 248 - Bom Retiro, Curitiba - PR
Ele funciona de segunda, terça e quarta das 08:30 - 11:30 e 14:30 - 17:30 
Sexta das 08:30 - 11:30
Domingos 09:00 - 12:00
Atenção: NÃO É PERMITIDO ENTRADA DE MENORES DE 12 ANOS! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário