sexta-feira, 10 de julho de 2015

Entrevista um colega Guia - por Elizândra Silva

Ser um Guia é também entender outros Guias, afinal não chegamos ate aqui de uma hora pra outra, por isso eu Elizândra Silva, trago hoje uma entrevista com um Guia formado da Serra Catarinense, onde, esclarece fatos importantes e da dicas sobre a profissão que vem agradando não só a mim. Devido a atividade proposta pelo professor José Gotardo, cheguei até o Guia Eduardo Sobânio pelo site do CADASTUR e tive a experiência maravilhosa de aprender coisas do ramo com um guia formado. Espero que goste da matéria a seguir e uma boa leitura! 
  
Dados Pessoais:  
Nome completo: Eduardo Luiz Moura Sobânia 
Data de nascimento/ idade: 14/11/1979 - 35 
Local que atua como guia: Serra Catarinense 
Profissão: Turismológo e Agente de Viagens
Empresa: Na Trilha Certa & Meio Ambiente Ltda.
Perguntas:  
  
  1. Como você descobriu que queria ser guia? Alguém te apoiou ou até mesmo foi contra essa sua escolha? 
R: Quando estava na faculdade de turismo, por varias vezes solicitei que a coordenação do curso oferecesse o curso de guia de turismo, uma vez que o bacharel em turismo não pode trabalhar como guia, entretanto não consegui, nenhum resultado. Depois de dois anos, quase três anos de formado,  abri uma agência de viagens em São Joaquim-SC e tive um contato maior com os profissionais da área, não preciso dizer que me apaixonei pela profissão e comecei a estudar história, geografia, curiosidades, etc... da região me preparando para um dia fazer o curso de guia. Quando o SENAC abriu uma turma na região me inscrevi e fiz o curso, hoje sou guia regional e pretendo até 2016 iniciar o curso de guia nacional. Sempre tive o apoio da minha esposa e familiares. 
  
  1. Entre todos os seus destinos, qual foi o melhor para trabalhar e o que você menos gostou? 
R: Eu trabalho muito na Serra Catarinense, que para mim é o melhor lugar do mundo, eu adoro essa profissão. è muito difícil não gostar de algo quando trabalhamos com o que gostamos. 
  
  1. Em seu cadastro de guia o seguimento escolhido é Turismo Cultural, Ecoturismo, Turismo Rural, você se identifica com este seguimento? Porque? Se não tivesse escolhido qual seria? 
R: Esses são o seguimentos que mais trabalhamos aqui na serra,  é o que gosto de fazer, no cadastro podemos escolher apenas três seguimentos, mas se pudesse ampliar o numero de seguimentos, colocaria o turismo de esporte e o turismo de aventura. 
  
  1. Você trabalha só com o guia de turismo ou atua em outra área? 
R: Trabalho com emissivo e receptivo aqui na agência e dou palestras da área do turismo. 
  
  1. Em seu certificado você não tem nenhum domínio em línguas estrangeira, você acha isso de estrema importância? 
R: Sim, as línguas são fundamentais para qualquer guia, estou estudando Inglês, mas como ainda não sou fluente e estou um pouco inseguro com a língua, não coloquei no meu cadastro, acho importante tomar esse cuidado pois a qualidade do serviço não pode ser comprometida, assim que terminar o curso de inglês, quero fazer outros cursos. 
  
  1. Qual a dica você da para as pessoas que estão começando neste ramo? 
R: Estude, estude e estude... Seja curioso e lembre que você já foi turista um dia, sendo assim, seja responsável e não faça com o turista o que você não gastaria que fizessem com você, seja um bom guia, pois você está trabalhando com o sonho das pessoas, você possui o poder de tornar a viagem da pessoa encantadora e inesquecível, ou simplesmente detestável. Evite cair nas armadilhas das comissões, a comissão não pode ser mais importante que o seu cliente, antes das compras o turista quer conhecer a região, suas histórias, sua cultura, curiosidades etc... Não faça como alguns guias que ficam 15 minutos em um ponto turístico, sendo que pouco falam sobre ele e ficam 3h em uma loja fazendo compras, isto é muito desagradável, o turista pode até não comentar nada com você na hora, mas ele vai comentar com os outros, chega de mais do mesmo, temos que ser diferentes. É claro que em algum momento você vai precisar levar o turista em lojinhas de artesanato por exemplo, pois todo turista quer levar uma lembrança da cidade, mas esse não pode ser o objetivo fim do passeio, está na hora de pensarmos no turismo de experiência, onde o mais importante é justamente a vivencia única, que você vai proporcionar ao seu cliente, pois ele com certeza vai voltar para casa lembrando dos bons momentos vividos na sua cidade ou região e isso não tem dinheiro nenhum no mundo que pague, você vai fazer parte da vida dele para sempre, pois sempre que ele lembrar da viagem, vai lembrar dos bons momentos vividos durante os passeios. Mais uma dica, fale e conte coisas boas para o turista, pois ele não está viajando para falar de coisas desagradáveis, seja apaixonado por sua região, pois esse é o lugar que você escolheu para trabalhar e viver, podemos ter muitas coisas ruins em nossa cidade, mas também temos muitas coisas lindas e encantadoras, foque nas coisas positivas. Se um fato negativo não pode ser contornado, lembre que tudo possui dois lados, tente descobrir o lado positivo deste fato e fale dele sem problemas. E por fim, sempre dia a verdade, nunca minta para o cliente. 
  
  1. O Brasil tem apenas 6% de investimento ao turismo, com tantas belezas naturais, pra você qual o principal fator dessa pequena porcentagem? o que acha que deveríamos mudar e investir mais? 
R: Infelizmente o turismo ainda não é visto como um motor da economia e quando se fala em aporte financeiro no Brasil, ainda vemos o turismo como um gasto e não como um investimento que pode gerar emprego e renda, assim  como impostos. Investir em turismo é melhorar a distribuição de renda, uma vez que os recursos gerados pelo turismo não ficam concentrados na mãos de poucos, ou seja, quando um turista visita uma cidade,  ganha a agência de viagens, o guia de turismo, o hotel, o comercio, o porto de gasolina, os artesãos, o restaurante, etc... ou seja, todo mundo ganha diminuindo a desigualdade e tornando nosso país um pouco melhor. Investir em turismo é investir em qualidade de vida, é investir nas pessoas. Enquanto não enxergamos o turismo com outros olhos,  infelizmente vamos continuar achando que estamos apenas gastando dinheiro. 
  
  1. Um guia precisa entender geografia e história, pra você qual o grau de importância desse entendimento? 
R: Se eu fosse colocar em percentual, eu diria 100 %. Mas não basta possuir a informação, o guia precisar ser um bom contador de histórias, temos que saber passar essa informação de forma criativa e que prenda a atenção do turista, ela não pode ser transmitida de forma cansativa e maçante, você sabe que fez um bom guiamento, quando o turista ao termino do passeio sai com um gostinho de quero mais, ele quase fica triste pelo passeio ter acabado. 
  
  1. Um guia precisa ser bem atento em relação a gestão de tempo, em sua opinião e meio de trabalho, como você gerencia esse tempo? 
R: Mais uma vez precisamos estudar, estudar e estudar, depois precisamos testar os roteiros, assim você sabe quanto tempo leva para chegar em determinado lugar e o tempo necessário para passar determinadas informações, guiar não é simplesmente mostrar lugares, mas  sim contar a história e as informações intrínsecas ao objeto de forma prazerosa e agradável. 
  
  1. Saber lidar com pessoas com deficiências físicas em geral é algo que todos devem saber, para um guia como deve ser feito este trabalho?  
R: Em primeiro lugar durante o contato inicial é necessário buscar o maior numero de informações possível sobre seu cliente, precisamos estar preparados, para atender todos os tipos de pessoa, independente de possuir ou não uma deficiência, para isso precisamos elaborar produtos turísticos acessíveis, pesquisando e preparando roteiros para atenderem pessoas com deficiência. Por fim, de posse dessas informações com antecedência é possível fazer pequenos ajustes ao roteiro para atender com excelência seu cliente. 
  
  1. Um guia nunca trabalha só, qual as dicas você daria para quem esta começando em relação a trabalho em equipe, tanto com outros guias e também o motorista? 
R: Ninguém trabalha sozinho no turismo, quem pretende trabalhar sozinho está no ramo errado e está fadado ao fracasso, entretanto trabalhar em parceria não quer dizer ser negligente com suas obrigações,  para não se indispor com o colega de trabalho. Ou seja, não podemos fazer vista grosa durante a inspeção de um ônibus, por exemplo, apenas para não nos indispormos com o motorista, precisamos ser responsáveis e em alguns momentos até firmes para garantir a qualidade do serviço e a segurança de nossos clientes, precisamos de uma boa rede de contatos e fornecedores de confiança. Lembre que os outros guias são antes de tudo seus colegas e talvez seus maiores parceiros de comerciais. 

Obs.: As perguntas é de autoria própria e a permissão para a exposição das respostas está autorizada. 

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